Sabe aquela história de que só se damos valor a algo quando o perdemos? É disso que estou falando.
A loja de bairro que costumamos passar para dar um oi, tomar um cafezinho e levar um acessório…
O happy hour no fim da tarde naquele pub especial…
A viagem para a aconchegante pousada familiar na Serra…
De uma hora para a outra, tudo foi fechado. Os estabelecimentos foram fechados porque foi preciso realizar medidas de distanciamento social, mas que vieram para preservar nosso bem mais precioso: a vida. Não só a sua, leitor(a) deste artigo, mas também de seus familiares e amigos, visto que o vírus pode se encubar em nosso corpo sem que tenhamos os sintomas e, ainda assim, podemos transmiti-lo.
E adiamos os pequenos prazeres do dia a dia. Os bons planos também foram igualmente suspensos.
A questão agora passa a ser como sobreviver à crise utilizando a rede de apoio solidário e coletivo.
Compre do negócio local
A vida das micro, pequenas e médias empresas no Brasil nunca foi fácil. Mesmo assim, os pequenos negócios são maioria no país. Aqui existem aproximadamente 14 milhões de pequenos negócios, de acordo com dados de 2019 do Empresômetro. Essa parcela do mercado é responsável por 27% do PIB do Brasil, de acordo com o Sebrae.
Em 2015, em meio às crises econômica e política, o Sebrae lançou o Movimento Compre do Pequeno Negócio. Desde então, o dia 5 de outubro passou a ser uma data de incentivo ao consumo de produtos e serviços locais.
Ou seja, não é de hoje que há esse justificado apreço pelos pequenos empreendimentos no Brasil.
Essa percepção de coletividade e de incentivo às PME está em alta novamente. Comprar em minimercados locais, que para muitos era exceção, se tornou a regra para muitas pessoas devido ao necessário distanciamento social, por exemplo.
Em meio à pandemia, temos visto exemplos de empresas se reinventando.
Para mim, a manifestação mais gratificante de se ver é a parceria entre negócios do mesmo segmento, a fim de manter o dinheiro circulando e, ao mesmo tempo, ajudar entidades beneficentes a atenderem a população mais vulnerável aos efeitos do COVID-19.
A área têxtil aproveitou seus próprios recursos para produzir máscaras de proteção. Foi uma forma criativa de lidar com a escassez global de equipamentos de proteção e de higiene pessoal.
Um setor altamente afetado, mas que está se reinventando, é o alimentício. Bares e restaurantes aderiram em massa a aplicativos de delivery e às retiradas diretamente nos estabelecimentos (o chamado take-away). Empresas dos ramos de hotelaria e turismo estão vendendo vouchers com descontos significativos para serem usados após a pandemia.
Vai passar e estaremos mais fortes
O cenário é difícil, incerto, mas está mostrando o quão criativo é o empreendedorismo no Brasil. Ao mesmo tempo, está deixando claro que o povo brasileiro pega junto e se ajuda, mesmo na dificuldade.
O que podemos aprender com a pandemia
O que iremos aprender com a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e a consequente crise econômica global? Essa é uma pergunta que nos acompanhará, e que cada país irá respondê-la de modo diferente. Entretanto, pequenas e médias empresas (PME) brasileiras precisam encontrar um consenso progressista para lidar no incerto, porém difícil, cenário após superarmos a pandemia.
A maioria dos pequenos negócios só têm dinheiro para sobreviver por 30 dias. Em uma quarentena, o fluxo de clientes se torna muito reduzido ou deixa de existir. Isso não significa que se torne viável adiar o pagamento de todas as contas. Alguns credores não estão dispostos ou aptos a negociar, infelizmente.
O que já era difícil se torna impraticável para a maioria.
É improvável que o mundo seja acometido por uma nova pandemia em breve após o COVID-19. Apesar disso, não se pode “dar chance para o azar”. O momento exige reflexão.
É necessário aproveitar o ritmo lento do mercado durante a quarentena para:
- Revisar modelos de negócios;
- Avaliar a própria empresa para identificar falhas e processos ultrapassados que deixaram de fazer sentido;
- Estudar a atuação de pequenas e médias empresas que estão conseguindo prosperar nessa crise;
- Digitalizar tudo o que puder ser digitalizado para dar mais agilidade aos negócios e reduzir custos;
- Repensar a necessidade de ter sede(s) física(s) para o pleno andamento do negócio;
- Capacitar a si mesmo e a seus funcionários, especialmente em áreas relacionadas à liderança, gestão, autoconhecimento e transformação digital.
Aproveite a quarentena em casa para cuidar da saúde (sua e da sua empresa) e refletir sobre o atual cenário. Apoie-se em referências positivas e tenha em mente de que vai passar. E, quando passar, o senso de coletividade e a valorização pequenos negócios brasileiros estarão em evidência!