Felicidade no trabalho: o objetivo que toda empresa moderna deve almejar

A vida em sociedade anda uma verdadeira panela de pressão. Queremos ser mais produtivos ao mesmo tempo em que nos preocupamos em como fechar o mês com o saldo positivo. O resultado: infelicidade, ansiedade, incapacidade de fazer o essencial. Por isso, hoje quero falar sobre felicidade – e sim, felicidade no trabalho.

Precisamos falar sobre felicidade no trabalho todos os dias. Mais do que isso, precisamos agir para que a felicidade no trabalho seja o principal objetivo de toda empresa moderna.

Entretanto, hoje é um dia ainda mais especial para conscientizar sobre o tema. 23 de setembro é o Dia Mundial de Combate ao Estresse. E estamos também no Setembro Amarelo, movimento nacional para conscientização sobre transtornos mentais e prevenção do suicídio.

Eu falei em panela de pressão porque transtornos psicológicos há anos vêm sendo um problema global. A pandemia acentuou a pressão por conta da questão sanitária em si, como também pelo cenário de incerteza global. Entretanto, cada vez mais aumentam as conversas e as campanhas para falar sem tabus sobre saúde mental.

A própria população brasileira está buscando informações para lidar com a pressão e melhorar a qualidade de vida. Segundo dados fornecidos pelo Google ao Estadão, a partir da pandemia de Covid-19 as buscas sobre transtornos mentais aumentaram 98%. A pergunta como lidar com a ansiedade bateu recorde de interesse na última década. Em relação a 2019, o crescimento foi de 33%.

A relação entre trabalho e transtorno mentais

O desemprego é um agravante para a saúde mental. Quem está sem renda mensal garantida corre contra o tempo para colocar comida na mesa e, se possível, fazer sobrar um dinheirinho para facilitar o mês seguinte.

Quem está empregado ou empreende também é pressionado pelo desemprego. Afinal, o empregado vai fazer o possível para seguir com trabalho. E o empreendedor vai fazer o possível para seguir empregando e mantendo as contas em dia.

Esse contexto gera o que para desempregados, empregados e empregadores? Pressão.

Só que essa pressão não é de hoje. Inclusive, é anterior à crise financeira e ao cenário de incerteza. E isso tudo contribui para ambientes corporativos estressantes e infelicidade no trabalho.

Virando o jogo

Vamos falar sobre felicidade no geral!

É fato que a felicidade reúne uma ampla gama de emoções consideradas positivas. Entre elas: esperança, otimismo, confiança, gratidão, inspiração e admiração. Além de emoções, ela é composta por valores como engajamento, lealdade e criatividade.

A felicidade é definida pela ciência como um estado de bem-estar subjetivo. Mas não confunda esse estado de bem-estar com euforia.

Você leu em algum lugar eu falar que dinheiro é felicidade?

Claro que não. Por quê? Porque dinheiro não é felicidade.

Entretanto, dinheiro pode sim fazer as pessoas felizes.

Ficou confuso? Calma que eu lhe explico!

No best-seller Os Segredos da Mente Milionária, o autor T. Harv Eker deixa bem claro que dinheiro não traz felicidade, mas sem felicidade não temos condições de ganhar dinheiro.

Isso porque, sem dinheiro, ficamos mais propensos ao estresse, a brigas desnecessárias, às preocupações que envolvem tentar conseguir pagar as contas em dia… Não é à toa que a principal motivação para divórcios está relacionada ao dinheiro.

Logo, o dinheiro não é a finalidade, mas é fundamental na equação para se ter felicidade no trabalho e na vida pessoal.

O tripé da felicidade no trabalho

Não existe um padrão para definir o que faz todo mundo feliz profissionalmente. Isso porque o que me estimula a acordar todos os dias para empreender como consultora de negócios é diferente das razões pelas quais você trabalha ou empreende na sua área.

E está tudo bem ser assim. Afinal, já pensou se todo mundo pensasse da mesma forma e tivesse os mesmos gostos? O mundo jamais avançaria!

Apesar de não existir um padrão, estudos mostram que há uma série de diretrizes. Especialmente as lideranças das empresas precisam conhecê-las. Por isso, separei diversas informações para você começar a planejar a felicidade corporativa como objetivo principal (e inegociável) da sua empresa.

De acordo com Nic Marks, especialista no tema, a felicidade no trabalho se resume a três emoções positivas:

• Entusiasmo: Um estado de alta energia que ajuda as pessoas a criarem e aproveitarem oportunidades. Também pode atuar para mobilizar os esforços deles mesmos e dos outros.

• Interesse: Esta é uma “energia focada” que ajuda a nos comprometermos com tarefas que podem ser um desafio em curto prazo, mas que trazem benefícios de médio ou longo prazo.

• Contentamento: Trata-se da “alegria” de ter conquistado algo, que pode nos fazer sentir mais motivados a executar as ações que irão repetir o sucesso no futuro.

Você pode estar pensando: eu não tenho como enfiar na cabeça dos funcionários que eles precisam ser felizes seguindo esse tripé.

Eu lhe garanto: enquanto você pensar que precisa forçar alguém a algo, você não irá prosperar.

O parágrafo a seguir eu escrevi em um artigo sobre liderança, mas faço questão de trazê-lo aqui também:

Uma empresa cuja equipe não se sente representada pelas lideranças enfrentará diversos problemas, como dificuldades para inovar, prospectar e fidelizar clientes, de forma contínua. Liderança de equipe sem empatia e sem objetivos bem definidos viabiliza falhas que contaminam toda a organização.

Portanto, se você é gestor(a) de empresa, não pense que felicidade no trabalho não depende de você. Felicidade no trabalho começa por você!

Por que tornar a felicidade no trabalho uma prioridade organizacional

Para não haver confusão, eu reforço: não há fórmula mágica que deixe todo mundo feliz no trabalho.

Há, no entanto, fatores universais que afetam diretamente a felicidade do colaborador, sendo possível ajudar a criar as condições adequadas para isso. E ter um ambiente de trabalho positivo e saudável é um bom ponto de partida.

A felicidade é uma escolha. Assim como todas as nossas decisões profissionais precisam ser baseadas na experiência do cliente, é possível promover a felicidade no contexto corporativo tratando ela como uma experiência individual.

De acordo com o relatório Os Segredos das Empresas e Colaboradores mais Felizes, alguns dos fatores universais podem ser:

1) Contratação adequada para o trabalho e a empresa

Quando você contrata pessoas que combinam com sua cultura de trabalho, elas a assimilam as informações com mais facilidade e começam a fazer contribuições substantivas de maneira rápida. Por outro lado, uma contratação ruim pode diminuir a motivação de toda a equipe.

2) Empoderamento

Capacitar a equipe para que tomem suas próprias decisões melhora a felicidade no trabalho de várias maneiras. Pode ajudar os funcionários a ganharem confiança, fazê-los se sentir mais inseridos em seu trabalho e ajudá-los a desenvolver habilidades críticas que tendem a auxiliar no desenvolvimento de suas carreiras.

Tudo isso enquanto fazem contribuições mais significativas para a empresa.

3) Sentimento de apreciação

Apreciar a dedicação da equipe incentiva todo mundo a ser leal. Isso cria um ambiente de trabalho positivo!

Para um efeito mais intenso, Dr. Christine Carter recomenda fazer elogios sinceros e específicos, sempre que possível. Fazendo isso, seus funcionários perceberão que você está prestando atenção de modo positivo, sem microgerenciamento, e que você realmente se importa com eles.

4) Percepção de que existe sentido para o trabalho realizado

Funcionários que veem seu trabalho como algo que vale a pena são cerca de 2,5 vezes mais felizes do que os demais. Esse fator é ainda mais relevante para profissionais das áreas criativas e de marketing.

Um ponto importante é conseguir fornecer aos colaboradores uma visão compartilhada que os ajude a manter o foco em seus objetivos, seja em momentos bons ou difíceis. Segundo o autor Todd Henry, colaboradores felizes entendem por que seus trabalhos são importantes.

5) Senso de justiça

Sempre busque justiça e transparência quando tomar decisões. Isso se traduz em políticas claras com relação ao pagamento, às promoções e aos projetos.

Certifique-se de que os funcionários se sentem ouvidos e tenham a oportunidade de falar quando observam algo que consideram ser uma desigualdade.

6) Relações positivas no local de trabalho

Um sentimento de companheirismo no trabalho melhora a comunicação, a cooperação e a colaboração dos funcionários. Isso alimenta a inovação.

De acordo com a Dra. Aymee Coget, fundadora da Happiness for HumanKIND, essa atitude começa na liderança: Quando um gerente incorpora positividade, isso influencia sua equipe, seus clientes e até mesmo os clientes de seus clientes.

Em resumo, ter a felicidade no trabalho como objetivo organizacional inegociável só traz benefícios a todos os envolvidos.

Como tornar a felicidade no trabalho uma prioridade organizacional

É fácil ser feliz. Eu realmente acredito nisso. Por isso, defendo que você simplifique suas escolhas, que devem ser sempre baseadas nos anseios e nas necessidades de quem veste a camiseta da sua empresa.

1) Gere mais engajamento dando significados aos cargos, uma espécie de propósito de vida corporativo.

2) Promova o Dia de Ação de Graças (26 de novembro) como o dia de agradecer. A gratidão é uma emoção positiva e faz milagres nas pessoas.

3) Estimule o pertencimento familiar. Permita que os colaboradores tragam para o ambiente de trabalho a sua melhor foto de passeio com família, para reforçar os laços e valores familiares

4) Alinhe metas. O planejamento da empresa deve estar alinhado com o planejamento pessoal dos funcionários.

Cada líder deverá trabalhar com sua equipe individualmente suas metas pessoais em harmonia com as metas da empresa. Juntos, todos precisam buscar congruência de interesses.

5) Pratique qualidade de vida. Trabalhar com os colaboradores nas práticas de qualidade de vida, incluindo, além da ginástica laboral, a meditação e o autodesenvolvimento, que são medidas voltadas à saúde mental. Tudo isso contribui para a redução do estresse.

6) Capacite sua equipe com frequência. Possibilite parcerias de faculdade corporativa, visando à qualificação dos profissionais alinhada ao programa de desenvolvimento deles na empresa.

7) Crie mentorias internas. Disponibilize um canal para contato individual de funcionários com profissionais competentes da empresa. O objetivo desse contato é que os membros da equipe falem sobre suas dores, sofrimentos e problemas.

Isso mostrará que a empresa se interessa por quem veste a camiseta e quer ajudar as pessoas em suas travessias – sem falar que é um belo trabalho social da empresa.

8) Líder: lembre-se de você. Independentemente do esforço dos empregadores em promover um ambiente corporativo mais positivo e saudável, ele depende muito do lado pessoal de cada liderança.

Então, é preciso se conhecer melhor. Identifique o seu propósito, invista no equilíbrio de suas emoções, busque empresas que estejam alinhadas com o que você crê. Nem sempre é possível fazer só o que se gosta, mas dá para gostar daquilo que se faz. Assim, conquistamos nossa liberdade!

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